Existe gestor humanizado?

Conseguimos determinar e construir muitas coisas na nossa vida – carreiras, negócios – mas não podemos “inserir” automaticamente sentimentos e valores em um ser humano. Por isto, um gestor pode até se desenvolver e ampliar suas potencialidades, mas já é uma pessoa diferenciada em sua essência.

Por Tarsia Gonzalez

Em um mundo de tecnologia e inovação, cada vez mais um papel vai se destacar: o de líder. Eu acredito, sim, na formação de líderes, mas não confio plenamente no conceito do “gestor humanizado” e nem tampouco em perfis de liderança. Para mim, um gestor não se humaniza, ele já é um ser humano diferenciado que, por seus talentos, no decorrer de sua carreira, chegou ao ponto de desenvolver o papel de líder.

Na nossa vida profissional, conseguimos desenhar planos de metas, avaliação de resultados, planilhas estratégicas, controles de qualidade, objetivos, conseguimos processualizar boa parte da nossa vida. Mas, quando falamos em relações humanas, precisamos entender que algumas pessoas são, sim, mais propensas a liderar outras em suas ações.

Para entender se uma pessoa é capacitada para ser líder, temos de perceber as características pessoais que fazem parte da sua história como executivo. Tais percepções vão sendo constatadas desde a primeira entrevista, no processo de seleção, são simples e fazem uma diferença enorme na fala da pessoa, no seu jeito de se comportar.

No decorrer do tempo, esse profissional vai se destacando na convivência diária da empresa. E, veja bem, nem todo executivo é humanizado e nem toda chefia prescinde dessa característica. Um líder (humanizado) não é melhor ou pior dentro da organização, mas ele precisa estar no lugar certo. Afinal de contas, alguns cargos de liderança têm como característica principal a arte de saber lidar com o outro.

As organizações possuem três pilares muito importantes. O primeiro e mais importante é a identificação dos clientes. Eles estão no topo da pirâmide – é para eles que prestamos serviços ou vendemos produtos. Clientes são pessoas e é exatamente por isso, que um executivo que coordena a área de vendas de uma grande empresa deve ter sensibilidade para entender exatamente os desejos de seu cliente, pois são eles que farão o negócio prosperar ou não.

Em um nível intermediário desta pirâmide, estão os serviços ou produtos que oferecemos. Essa é a parte que considero a mais fácil da estrutura, já que, se vendemos produtos, devemos conhecer muito bem a qualidade; se vendemos serviços, temos a obrigação de proporcionar o melhor que podemos dar.

E, finalmente, temos a base da pirâmide: as pessoas que formam a companhia. São elas que idealizam e fazem tudo acontecer. Por isto, a base deve ser forte, bem liderada, com diferenciais que produzam nos clientes uma satisfação permanente, que transforme o nosso trabalho em algo engrandecedor, que faça a nossa marca ser reconhecida e que encontre um posicionamento de mercado valorizado e humanizado.

No decorrer da minha carreira profissional, tive a oportunidade de trabalhar com todos os tipos de pessoas. Acredito que o desenvolvimento e o treinamento dos talentos são muito bem-vindos e trazem sempre um resultado positivo. No entanto, em situações de conflito, encontrar um profissional distinto em sua atuação e suas escolhas faz toda a diferença.

Não existe, de forma alguma, ser humano perfeito, muito menos um gestor que tenha uma liderança 100% assertiva. Mas, quando temos um líder com valores verdadeiramente humanizados, suas práticas e sua forma de passar pelos momentos de crise tornam-se um diferencial.

Um gestor humanizado orienta e apoia seus subordinados com sabedoria, cria vínculos de confiança, conhece o potencial de cada um e consegue motivar o desejo e o crescimento do outro. Um gestor humanizado imprime em suas ações a felicidade, que é inerente a ele e, por isso, passa a ser exemplo de conduta e simplicidade.

Um gestor (humanizado) é um líder nato que acredita que os problemas são oportunidades e consegue desenhar perspectivas diferenciadas no outro. Se o foco é nas pessoas, ele sabe que precisa aceitar, acolher e gerenciar talentos.

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