Igualdade de gênero, muito mais do que uma necessidade

É possível conquistar igualdade de gênero nas empresas? A resposta é sim, desde que as companhias exercitem em larga escala o respeito às diferenças.

Por Tarsia Gonzalez

Infelizmente, para muitos gestores e conselheiros, o conceito de diversidade é visto como algo totalmente desnecessário. Já presenciei situações terríveis, fui alvo de críticas infundadas e preconceitos descabidos. Já ouvi um gestor de algo escalão dizer que bastava colocar peruca e peitos para satisfazer a tal da diversidade. Não sei nem explicar quantos preconceitos existem nessa frase, mas sei que estamos ainda muito longe da tão sonhada igualdade.

Obviamente, com o impulsionamento da diversidade, temos outras “minorias” no foco dos preconceitos, especialmente a comunidade LGBTQI+. Hoje, a mulher já não ocupa mais o palco principal dessa questão, o que não quer dizer que ela deixou de existir, como bem exemplifiquei acima.

Ter mulheres em seu time é comprovadamente rentável para as empresas – um estudo do Peterson Institute for International Economics, feito com mais de 21 mil empresas em 91 países, as organizações que têm mais mulheres em posições de comando apresentam resultados melhores: aquelas com 30% de presença feminina têm lucro 15% maior em relação àquelas com menor presença das mulheres.

No geral, mulheres são mais agregadoras, enquanto homens são mais pragmáticos, ambas características essenciais para as companhias. Mas essa não é uma verdade absoluta! Existem homens agregadores e mulheres com olhar mais orientado para resultados. Como saber? O mais importante é estar atento e saber ouvir.

Homens e mulheres tem talentos complementares e cabe às empresas estarem preparadas para receber a diversidade e entender como utilizá-la. As empresas têm pressa, mas essa atitude desenfreada em busca de resultado acaba deixando de lado o essencial: entender se cada talento está no lugar certo, o que vai fazer com que ele aflore e seja 100% aproveitado.

Ainda estamos vivendo em um universo muito masculino. Embora tenhamos ganhado espaço, ainda falta muito por conquistar. Quantas vezes eu levei ideias inovadoras para a empresa e ouvi que estava “inventando o que fazer”? Tive que provar, por A mais B, o meu talento e que meu olhar sobre os processos (enquanto meus irmão ficavam com a execução) era minucioso e prático. Minha força feminina vinha do detalhe e da observação, eu questionava, criticava, sugeria, brigava para buscar uma melhor forma de fazer o que sempre fizemos.

Apesar de ter, sim, sofrido preconceitos, nunca dei muita importância para a opinião alheia e acredito que esse fator foi crucial na minha trajetória de sucesso. Mas também sei que existem realidades diferentes e também empresas que tratam de forma ainda mais diferente homens e mulheres. A questão é: o que fazer?

Falar da mulher no mundo corporativo para alguém que sempre quebrou barreiras sem se importar muito com a opinião do outro não é fácil. Sei que a mulher ainda sofre muita discriminação no mundo corporativo e na sociedade e sei também que muitas vezes as coisas se tornam muito difíceis. Menores salários, mais dificuldade na hora de garantir promoções, projetos de menor importância e, principalmente, o descrédito de chefias masculinas. A lista é grande se formos enumerar todas as situações pelas quais passamos no dia a dia corporativo.

A verdade é que as organizações são formadas por sistemas sociais, nos quais sempre existe uma orientação predominante. No caso, a masculina. É preciso pensar em uma maneira social de reverter essa realidade, aliando o pensamento de construir e agregar e se empoderando, para estar sempre aptos a brigar de frente com a forte barreira que encontramos.

O preconceito, infelizmente, ainda existe então o que temos de refletir é qual a maneira mais interessante de lidar com ele – há quem saiba movimentar-se melhor por entre os desafios, outras pessoas precisam de mais tempo e até de ajuda, algumas vezes profissional. Entra aí o papel importantíssimo da gestão, que precisa identificar e gerenciar talentos e ensinar a lidar com os desafios que encontramos diariamente.

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