Mais do que um executivo, o Conselheiro é uma peça importante no jogo do sucesso de uma grande companhia. É ele que, de forma isenta, impulsiona e direciona as decisões de um grupo, usando sua expertise e possibilitando crescimento continuado.
Por Tarsia Gonzalez – Conselheira do Grupo Tranpes
O Brasil é o país das empresas familiares: 90% das nossas companhias têm esse perfil, são responsáveis por mais da metade do PIB brasileiro (65%) e empregam 75% da mão de obra no país, segundo dados do IBGE. Porém, sabemos que 85% delas não sobrevive à terceira geração. Para garantir a sobrevivência além das estatísticas e ao longo dos anos, entra o papel do conselheiro: é preciso profissionalizar o negócio com a implementação de um conselho de administração.
O papel do conselheiro: Na medida em que o negócio cresce, a necessidade de organização se torna vital para que ele prospere. No Brasil, temos a grande maioria das empresas com uma gestão familiar, na qual o próprio fundador determina as regras de acordo com seus próprios interesses e valores.
Nos primeiros anos após a abertura de uma empresa, com empreendedorismo e muito trabalho, o negócio costuma dar certo. Mas, devido a diversos aspectos – desde o despreparo do gestor até as condições econômicas do País – 3 em cada 5 empresas fecham as portas depois de 5 anos de atividade, segundo estudo também do IBGE, divulgado pela Revista Época.
A partir do décimo ano de existência, de acordo com o tipo de negócio e o capital investido, o principal objetivo da empresa passa a ser a entrega de resultado para os acionistas. Por isto, nas empresas familiares, quando a segunda geração assume o negócio a necessidade de regras claras passa a ser evidente e urgente.
Por conta deste contexto muito comum no Brasil, o das empresas familiares cuja administração passa de geração a geração, nos últimos 20 anos diversos institutos, como o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e a Fundação Dom Cabral, se dedicaram a trazer para as empresas brasileiras regras de governança já instaladas no mundo. O objetivo é auxiliar o crescimento do nosso País construindo empresas mais sólidas.
Em 1999, o IBGC lançou seu primeiro Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa, e dados históricos mostram que as empresas só começaram a dar importância ao tema nesta mesma época, no final dos anos 1990. Assim, o crescimento do trabalho de governança corporativa vem acompanhando o crescimento do País.
Em escolas para altos executivos, encontramos todo o tipo de ajuda necessária para que uma empresa se organize de forma profissional para garantir os resultados tão esperados pelos acionistas. No processo de governança corporativa, é importante entender que, para ter sucesso, precisamos não só de altos executivos, mas principalmente de conselheiros que venham direcionar e organizar o processo de mudança do negócio.
Nesse contexto, entendemos o conselheiro como um profissional isento de interesses pessoais e que, junto com os executivos, busca soluções estratégicas para alcançar os resultados pretendidos. O conselheiro deve ser uma pessoa com habilidade para lidar com todos os tipos de negociações, ter a confiança do grupo e apresentar as competências necessárias para desenvolver o seu papel.
Desta forma, após o processo de crescimento empresarial e com um conselho de administração íntegro, formado por conselheiros competentes, a empresa caminha para o sucesso de uma forma mais segura. Ela se torna capaz de elaborar rapidamente soluções criativas para os desafios do negócio e de controlar os resultados, estando sempre atenta ao desejo dos acionistas e prezando pelo interesse do negócio antes do interesse das pessoas.